22 maio, 2011

rigor mortis

S into a urgência do tempo que desaparece no resto da folha de um plátano, no descompasso do peito, vertigem em contratempo pela metade de um comprimido, nas ideias que escasseiam, nos projectos que esmorecem, nas pernas que hesitam, nos livros que não lerei, numa tristeza fácil ao fim do dia, na barriga pendente, na lágrima ágil, na meada de cabelo branco atrás de uma orelha, no alvoroço à minha volta, no resto de água da chuva que já se não vê, na frescura dos outros, na passada alheia, na alegria de um jardim, no Outono persistente dos meus olhos, no beijo de namorados, no pobre com nódoas de urina e sopa nas calças que a solidão levou para um talhão sem flores, na litania gemida de uma velha enlouquecida, na saudade que dá corda a um relógio cá dentro, na pena que me dá um cão magro ao amanhecer, na percepção de que tudo isto acabará um dia. Amanhã?