03 julho, 2016

vou ali e já venho


Por mim, afastem-me o cortinado, arredem o alumínio da janela e atentem bem - num pasmo de turista a observar pela primeira vez um embondeiro - no voo picado que ensaiarei prédio abaixo, o umbigo a roçar, uma, duas vezes, a tinta da fachada. Um estrondo de melancia no alcatrão e os vizinhos a romperem das marquises de mãos nos parietais. E o cão da dona Alice do rés-do-chão a largar na minha direcção, lambendo depois com gosto o regato escarlate rua abaixo. A ambulância a uivar rua acima com a mais desnecessária das pressas, dado que já não estarei disponível para responder a perguntas que envolvam porquês. Quis ir da janela do meu quarto até aos terraços do outro lado. Sem uma asa-delta para amostra, não fui capaz. Pronto. Podem ir às vossas vidas.