Aos Amigos
Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão.
Herberto Helder
09 fevereiro, 2006
06 fevereiro, 2006
01 fevereiro, 2006
recobro
«Corri, corri, por muito tempo sob os flocos que me cegavam. Era a hora crepuscular, e com a neve e a luz esmorecente cobria-se a terra de lívida e melancólica mortalha. O horizonte cerrava-se numa opacidade esponjosa, um muralhão como feito com o barro lodacento dos caminhos. Não se avistava vivalma e eu sentia grande consolação em entrar na noite, uma noite sem estrelas, sem testemunhas, com homens e animais recolhidos aos apriscos. Eu via sempre o fantasma sangrento de Fome-Negra crescer em mim desmesuradamente, uivando: ao ladrão!»
Aquilino Ribeiro - A Via Sinuosa
Nota: os dias de Lisboa são paridos ao frio na embocadura de uma avenida, à vista de Neptuno. Mas isso pouco importa.
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