08 agosto, 2019

desfibrilhador


Trata-se de reaprender, em suma. Percebam - rogo-vos como um desses peregrinos a estalar de joanetes e chagas sortidas, o terço a escorregar dos dedos como um unto de motor - que deixei de escrever. Confiei a caneta ao exílio de uma caneca, a um extremo da secretária, e a vontade ao nicho de uma cuvete no congelador, entre sacos de ervilhas e calamares. Eis a razão por que tudo isto vos soa a um quinteto de violinos recalcitrantes, como numa festa de fim de ano lectivo.
- Ai que bem que toca o meu Santiago – e o telemóvel ao alto a registar o dó menor em lugar do sol maior, o Santiago incapaz de acertar um compasso sem que lhe caiba a culpa, que pertence a quem entendeu que o Santiago poderia tornar-se o Niccolò Paganini de Chelas, uma salva de palmas de gente que se contorce em cadeiras quebradiças, o Santiago a empregar o arco do violino na remoção de monco seco de uma narina.
Veremos. Veremos o que daqui sairá.