16 junho, 2009

afluente

Esta ausência de vento, este céu ubíquo feito do miolo de um pão de centeio, esta gota translúcida de suor a escorregar como uma áspide pelos nós da espinha, a sibilar parágrafos de Júlio Dinis num auto da fé sem chama, um estalar de aparador antigo, esta maresia de gasolina e trampa, este rumor contínuo de engrenagens. Este eu. Uma margem do Alva. O som da água sobre os seixos. Uma carcaça com queijo e marmelada. A minha avó Augusta a sorrir-me de uma cadeira de pano e alumínio, um chapéu de abas desmaiadas sobre os pequenos caracóis cinzentos e um carinho sem fim.