10 abril, 2010

crónicas de pó de talco (ora pro nobis peccatoribus, nunc, et in hora mortis nostrae)

O meu cansaço mede-se em amêndoas cobertas de chocolate branco, em retalhos de pão untados de manteiga ou atapetados de queijo, em palpitações e vertigens de óbito próximo, em pontadas de artérias em ruína, em bicicletas crucificadas de encontro à parede de uma garagem, na arrecadação um capacete encarnado e um par de luvas, em brotoejas de ventre flácido a tombar como toucinho sobre o cós das calças, em desequilíbrios da forma, em ausência de simetria, em incapacidade de amar, em indigência celular, em secura do olhar, pelo crepúsculo cala-se-me o falar. Olho-te e pergunto-me o que viste de tão prometedor no que sou.