19 agosto, 2010

Ana

Isso. Um passo. Devagar. Olha a minha mão estendida. Toma-a na tua. Sente-lhe o calor. É teu. É para ti. Para sempre. Agora. Outro passo. Vá. Sei que o darás, a perna pequeníssima a hesitar no vértice do tapete de lã, os teus olhos glaucos a sorrirem-me numa luz de gota ao Sol, algures entre a vontade, o medo e a alegria irrepetível da descoberta. Repete o gesto. Estás a caminhar. Vês? Conseguiste. Hás-de caminhar mais, adiante, apontar a cumes de montanhas, atravessar torrentes. Se um dia quiseres voltar, terás a minha mão. Morna de amor fraterno.