03 agosto, 2010

ponto final parágrafo

A meio das suas exéquias, ergueu-se a custo perante os esgares de espanto, terror e transe e largou a correr no sentido da rua, sem se despedir do cetim. Passou pelo cruzeiro de betão e ferro, onde um cão sem nome dormia ao calor de Agosto, o largo da Igreja de Queluz a dividir-se entre as sombras das salas de catequese e o queimor da escadaria no extremo oposto. Trepou. Atravessou a fronteira entre ruas, através de uma abertura na base de prédios em desalinho. Adiante viu o parque a desenhar-se velho, um abandono de folhas de choupo no lugar dos baloiços em que um dia voou para lá e para cá embalado pelos braços do pai, um blusão de ganga, mãos mornas de carinho e um bigode a estender-se em sorrisos verdadeiros. Virou à direita. Quatro caminhos. Escolheu a rua que o levaria a um cais da estação e a um comboio com destino à mulher que o amara por todos os poros. Havia a urgência de lhe beijar a testa.