03 julho, 2009

obituário

Por uma vez sem exemplo estou em sintonia com Luís Delgado. Sem a absurda mímica de Manuel Pinho, José Sócrates poderia ter ido ao ponto de ganhar o último debate do Estado da Nação antes das legislativas. Pinho já devia saber que a sua inclinação para o disparate só podia ser agravada por uma palermice tão militante como a de Bernardino Soares. Por outro lado, do dia em que o ministro da mão-de-obra barata, do calçado transalpino e das noites em branco capitulou sobeja um dado: a demissão fez por ele o que nenhum almofadinha do exército socialista de assessores e costureiras conseguiu fazer em quatro anos, ou seja, pôs insuspeitos algozes como Pacheco Pereira ou Lobo Xavier a isentar os chavelhos apontados à bazófia da bancada comunista, descrevendo o ministro demissionário como um dedicado Quixote que nunca percebeu que a política é um soez baile de máscaras.