08 julho, 2010

pessoa, Pessoa

..."Braços cruzados, sem pensar nem crer,
Fiquemos pois sem mágoas nem desejos; Deixemos beijos,
pois o que são beijos? A vida é só o esperar morrer."...


Massa folhada. O meu ventre esbarronda-se em demorados grumos de banha sobre a fivela do cinto, o bico da mama a deformar-se à medida que o peito cede à gravidade. Inspiro. Expiro. Hei-de tornar a inspirar, adiante, quando o ácido e o gás se enroscarem esófago acima em eflúvios de chouriço de sangue e podridão de morte à distância de dois segmentos de escada. Creme de ovos. Amanhã é que vai ser. A bicicleta. O capacete. A garrafa de água. As nádegas a gemerem de dor, rubicundas sobre o selim. A vida refém de um resto de saliva nos açudes da mandíbula. Hás-de ver. Olarilolela. Chocolate. Uma torrada, não, pão com manteiga, não, uma lata de salsichas, não, uma omeleta, não, uma malga de cereais, não, um pacote de bolachas, não, um pacote de bolachas com pepitas de chocolate, não, um pacote de bolachas de chocolate, não, um pacote de bolachas de água e sal, não, um pacote de bolachas de água e sal e um frasco de compota, não, um frasco de compota e uma colher de alumínio, não. Sim. Açúcar. Certa vez, Napoleão escreveu à filha de Francisco e Maria Teresa de Bourbon-Sicília dizendo-se “fatigado de ter trabalhado todo o dia”. Cuidai bem. Em seguida foi andar a cavalo. Cuidai melhor. E não me forniquem a paciência. Mil-folhas.