21 julho, 2010

reticências

Pela manhã experimento um peso de séculos sobre os ombros, um cingir de garrote em redor do pescoço, um estalar de vértebra a meio das costas, um esgaçar de polé nos joelhos, um falsete de castrado na voz, um tormento de Santo Ofício nas solas dos pés, um prurido de benzina nas virilhas, um sino de campanário nos ouvidos, um sabor a salsugem na língua, uma humidade de Setembro a despontar cristalina das pestanas, em sorumbáticas gotículas de rendição.