14 dezembro, 2005

meia-noite e um quarto

«Estava sozinho num iole em mau estado. Dez léguas a jusante de Chantenay uma bordagem cede. Declara-se uma entrada de água, impossível repará-la! Sinto-me em apuros! O iole afunda-se a pique e mal disponho de tempo para alcançar um grande ilhéu de grandes tufos de canas cujos penachos o vento encurvava. (…) Comecei logo a imaginar-me a construir uma cabana feita de ramos, a fabricar uma linha de pesca com uma cana e anzóis com espinhos, a fazer fogo, como os selvagens, esfregando dois pedaços de madeira seca um contra o outro. (…) A cena durou apenas algumas horas porque, logo que desceu a maré, bastou-me atravessar, com água pelo tornozelo, aquilo a que chamei o continente, ou seja, a margem direita do Loire.»

Júlio Verne – Souvenirs d’enfance et de jeunesse

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