16 maio, 2008

cais


No teu cabelo há um vagar de enseada. Vagas preguiçosas. De vaga em vaga até porto seguro. No teu rosto há um areal branco e morno. Sulcos macios. De sulco em sulco até ao leito ardente dos teus lábios. Na tua boca há milénios de ternura. Néctar doce. De hausto em hausto até ao quasar do teu corpo. No teu peito há um leito de mansa perdição. Vágado de alcantil. De vertigem em vertigem até à queda lenta. Então amparas-me e repões a ordem do Universo sem contrapartidas. No teu cabelo torno a adormecer. Amado.


Fotografia: Paulo Lopes