04 janeiro, 2006

janeiro de dois mil e seis


há um desgoverno que me atravessa; é uma saudade difusa de vozes e espuma de mar, de uma estrofe que me fere no mais fundo se a percebo no tumulto de um transístor de pastelaria, ou num posto de rádio à deriva na estática da estrada; um lamento qualquer, parece-me, sobre o recolhimento e o amor, dir-se-ia, sobre a tirania do primeiro e a capitulação resignada do segundo, imaginemos. Primeira, segunda, ponto morto. A este, que se esbarronda numa pieira de crepúsculo enquanto estuda os desenhos do sabão nas palmas das mãos, nada devo; do outro, que me lembra o vento efémero, nada sei.

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