18 janeiro, 2006

XXVIII

«As luzes que acendemos um no outro são eternas

Nota: a vida era, por esses dias de Inverno numa avenida de Lisboa, uma navegação com vento por banda num oceano de mel, um ondular de encontro a praia muito chã e muito formosa; cuidava eu, desenganado por um crescer espinhoso, que nada havia por encontrar e que das coisas da ternura sabia já tudo.

Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem nenhuma cousa de metal, nem de ferro; nem lho vimos. A terra, porém, em si, é de muito bons ares, assim frios e temperados como os d’Entre Doiro e Minho, porque neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.
(Carta de Pêro Vaz de Caminha)

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