28 novembro, 2005

fim-de-semana em papel (dois)

Os meus dedos demoram-se, por estes dias, nas páginas de um livro que atravessou meio mundo, de Moscovo a Lisboa - Prosa Escolhida, de Puchkine. Sobre o objecto (Edições Raduga, 1988), direi que não resisti a aproximá-lo das narinas, para compreender a que cheirava a União Soviética. Inconclusivo. Sobre Alexander Sergueievitch, direi que as considerações mais laudatórias da sua sanha contra a podridão da autocracia, na Rússia do Século XIX, são as do próprio czar, reproduzidas no prefácio da edição. "Puchkine espalha versos subversivos, toda a juventude os sabe de cor. Deve ser exilado para a Sibéria" – eis a receita prescrita por Alexander I para o pequeno funcionário imperial. Sobre a chegada do exemplar às minhas mãos, direi que sei do valor de um amigo quando ele escolhe os livros que eu teria escolhido.

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